(CO)LATERAIS - Escrita

 POESIA


Camelos
atravessando o deserto…
Caravanas
De povos nómadas
Pelas vastas dunas
Da solidão do deserto,
Rumo às cidades
Das mil e uma noites...
                                                      - Travassós-de-Cima, 25/Out/1980


Estranhos dias
Estes que vivo sem conta dar

Estranhos
Como qualquer inverno na África
Que fico a ver violar,
Como qualquer inferno a corroer-me a memória
Que teimo em conservar.

Estranhos,
Simplesmente estranhos
Como tu,
Num acesso de cio ou de paixão
Em plena noite iluminada pelo luar,
Como eu
Nesta luta entre ideias e sentimentos
Em pleno dia, poucas nuvens, muito sol.

As palmeiras
E os escravos acorrentados
Tudo num rofar de tambor
E como bandeira
Muito ódio e muito amor
                             - Viseu, 3/Jul/1981


Fui ao limite da rua,
Sentei-me a namorar a lua...
Lá no extremo da cidade,
Inundar-me de claridade.

Olhei à minha volta
E senti-me à solta,
Seduzido pelo que sentia
Fiquei com o que queria.

É anarquia,
O que sinto em mim!
Revolta,
O que trago em mim!
Força solta,
Violência esguia,
Dentro de mim a dizer
Há que reagir sim,
Há que partir e foder
Senão é o fim!
                                    - Chaves, 15/Nov/1981


Tu és
A mulher embrulhada num casaco,
Sentada de lado,
Corpo suado
Agarrado ao saco.

Tu és
Aquela que pela manhã
Apanha a ligação
Para a estação de Campanhã
Assobiando a solidão.
                                 - Porto, 18/Nov/1981


Teu corpo
Mil malícias
Cantando.
Teu corpo
Mil malícias
Provocando.
Teu corpo
Desejado
Beijado, lambido, beliscado,
Rasgado, mordido, chupado...
Teu corpo
Subtilmente roubado,
Totalmente dado...
Teu corpo
Completamente entrado,
Freneticamente agitado.
Teu corpo
Abandonado
Teu corpo teu
Feito meu.
                                  - Lisboa, 25/Dez/1981


Se se quebra
A última razão
Que me resta para viver,
Erguer-se-á uma pedra
Neste meu coração
Que continua a bater.

Deixar-te-ei de ver
E de escutar,
Deixar-te-ei de temer
Ou de amar
Mas que tenho a perder
Se ela se quebrar?
De certo não entendes
Que não és tu
Que me prendes
A este chão nu...
O que está para além
Do que vejo
É o que me detém
Quando não te desejo.
                                   - Lisboa, 16/Nov/1982


Aqui nesta isolada serra nasceste,
Aqui neste pedaço da terra viveste
E só ela conheceste.

O teu corpo, hoje mirrado, foi regaço
Para o migado de pão e bagaço
Que te deu mãos seguras e braços de aço
E no rosto de amarguras sulcado,
Olhos e lábios passeiam pelo passado
Demonstrando o teu eterno desagrado
Pelas horas que se tornaram duras:
É a maldita sorte das criaturas,
Desabafas tu nessas malditas alturas
Mas o teu deus não te esqueceu
E junto dos seus, reconheceu
O momento de te tornares seu.

Aqui nesta isolada serra nasceste,
Aqui neste pedaço da terra morreste
E tão pouco dela recebeste.
                                                            - Ferreirim de Sernancelhe, 1/Mar/1983


Chove e escurece no horizonte sereno
Enquanto o chão transpira calor ameno...

É tempo de partir com as recordações
Que nascem com velhas canções,
Tempo de regressar aos muitos verões
Que deixei deslizar, aos muitos corações
Que deixei a pesar como maldições
Tornando-me os dias eternas solidões.

Só o tempo não se deixou prender a elas
No intuito de as tornar más ou belas.
                                      - Quarteira, 23/Abr/1983


Mantém-te no ar, mantém-te atenta,
Ó velha puta urbana, de tudo sempre sedenta.
Desconfia dos olhos e mãos
Estendidos pelos meus irmãos.

Mantém-te no bordel que quiseste viver
Com a sífilis que te corrói a mente.
Se algum dia no túnel pressentires gente
Não hesites, destrói o que fizeste nascer.

Ah, velha puta doente e moribunda
É, eu sou o cliente que te comeu a bunda
E que mais espero, enquanto morres,
Senão sobreviver como o velho Herodes...
                                 - Lisboa, 17/Jun/1983


Há criaturas no vale cor de rosa
Vestidas de nylon e plástico,
Criaturas de tez gasosa
Embriagadas num sonho apático.

Sonham com metamorfoses
E sofrem com essa condição
Que caiem em overdoses,
Julgando ser essa a solução.

Se nos trajes esguios
Trazem as cores do arco-íris,
Os seus olhos são frios,
Espelhos do que nem deus quis

Mas hoje em dia, as crianças
Já nascem perversas e ambíguas,
Talvez não menos que as esperanças,
Talvez não mais do que as ruas.

À noite, quando tudo é da escuridão,
Saem dos seus abrigos herméticos
E percorrem os discos em celebração
De um deus de sons eléctricos.
                                 - Lisboa, 6/Ago/1983


Um destes dias sairemos à rua
Com vestes que não nos hão-de trair
Um destes dias seremos a vida crua
Sem as pestes que nos fazem cair.

Vem coisa bela, vem juntar-te a mim,
Mesmo com esse ar de pavão ferido
Que sabe qual o seu fim
Sem saber porque foi escolhido.

Seremos dois nas escuras avenidas
Procurando o que nos falta faz,
Seremos pois as negras feridas
Que sarando nos hão-de dar a paz.

Mas vem, ó criatura indefesa,
Tomar parte desta maldita vida
Que nada nos dá como certeza
Além da arte de nos ser querida.

Um destes dias viveremos o mundo
Das orgulhosas ingénuas visões
Que quisemos encontrar no fundo
Das nossas teimosas solidões.
                                   - Lisboa, 18/Ago/1983



Eles gritam como loucos
Ao dizerem que somos poucos,
Gritam tanto que até ficam roucos
Mas nós somos um pouco moucos.

Ergam-nos mil e uma montanhas,
Outras tantas obtusas campanhas,
Podem até usar de artimanhas
Mas nós seremos como as aranhas.

Sim, os nossos olhos vivem sem graça
Os nossos corações , filhos da desgraça.
Sim, nós somos essa nova raça
Que agora, como sempre, vos ameaça!
                                 - Lisboa, 26/Set/1983

Fomos reis do deserto,
Senhores dos oceanos abertos,
Fomos conquistadores da selva
E nobres com campos em relva.

Mas o dia deu lugar à noite
E a ventania, num açoite,
Apagou toda essa memória
De séculos de glória.

Hoje vivemos outros sonhos
Em que nos tornámos medonhos
Como príncipes desencantados
Desesperado por beijos apaixonados...
Mas as belas adormecidas
Não passam de putas envelhecidas.
                                  - Lisboa, 14/Fev/1984


A tua mãe não sabe nada
Da imensidão da escuridão da madrugada.
Sabe lá se és homem ou mulher,
Se és bem ou malmequer
E tu sentes-te muito só,
O corpo nu coberto de pó
E queres mais, muito mais,
Daquelas nuvens especiais.

A tua mãe não sabe nada
Da tua atracção pela imensidão da madrugada.
Julga-te deitado, em solidão,
Mas tu estás em transformação.

Adoravas ser uma vídeo-star,
Conhecer num bar, o dono dum Jaguar
Mas o frio das noites de inverno
São como um assobio do inferno
E tu precisas de saber da lua
Nas indecisas estátuas da rua,
Ou no cheiro a mar, embriagar
Um marinheiro com dinheiro para gastar.

A tua mãe não sabe nada,
Nada de nada da tua namorada,
Uma canção que não sabe acompanhar
A razão que não consegue justificar.

O teu fato justo e cintilante,
Vermelho de ultrajante,
Mas nem os tacões lilás
Atraem a atenção do rapaz.
Não, não há razão para aguentares,
Nem motivação para te matares.
Pobre é o champanhe a borbulhar
Se ninguém o quer provar.

A tua mãe não sabe nada
Desta geração que foi abandonada.
Ela vive afastada, à televisão ligada,
E não sabe que a perversão foi apagada.

Vem apanhar a última ligação,
Transformar-te numa mutação
E invadir a cidade iluminada
Como uma imagem divinizada,
Pois se não és rapaz nem rapariga
És a paixão e a intriga
Saboreando a neblina que tomba
E a gente que te zomba.
                                   - Lisboa, 26/Mar/1984


Cai a chuva de verão, tudo fica em lama
E a terra conspira bolhas de segredos
Que formam piras para os nossos medos.

Cai a chuva de verão, tudo fica em lama
Mas o sol há-de raiar em línguas de ouro
E banhar-nos com a sua saliva tesouro.

Cai neste campo de horizonte infinito,
Cai e tece um manto em nós descrito...
Eu preciso de saber a cor da tua alma,
De descobrir que sabor tem a tua alma.

Os campos hão-de se tornar verde bandeira
E ao vento, tremerem nesta última fronteira
- Cá, nunca havemos de ter o que vivemos,
lá, nunca poderemos viver o que perdemos.
                                 - Lisboa, 9/Mai/1984


Numa mão
Trazias uma pomba
Cor de alva exaltação.
Na outra,
Um rosa rubra
Colhida algures lá no norte
E caminhavas voando
Sobre os campos
De girassóis girando.

Sempre te fui fiel...
Apesar da madrugada
Me saber a pastel
E nesse quadro jardim
Aguardava-te devorando
O horizonte sem fim.
O céu de perfeito coberto
Mas um raio o rasgava
Com um traço de luz, incerto,
E a lua, essa minha tímida mãe,
Lavava-me por fim o rosto
Carregado de tanto te esperar também.
Não sou o deus
Que teimas esquecer
E que escondes temer
(como os ateus).

Sim, sempre te fui fiel
Neste delírio cristalino
Com a língua a saber a papel,
Néctar puro de mais,
No teu corpo vulcânico
As lavas fetais.
Numa nuvem prateada,
Amontoada pelo tempo,
Entregámo-nos ao vento...
Deslizou-te a língua
E eu recebi-a
Na minha pele nua,
Sugámo-nos como a uma hóstia,
Cogumelo peyote,
Até sentirmos a mente despida e vazia.

É, sempre te fui fiel
Mesmo quando não o quiseste
Neste eterno carrossel
Em que numa volta me disseste para escapar.
Escapar até baloiçar
No abismo aonde acabei por vaguear
E os teus cabelos, cor de fogo,
Desgrenhados nesse jogo
Em que me faço santo louco,
Longos traços de rímel
Cristalizaram-se no teu rosto,
Cicatrizes de desgosto
E poderíamos disso ter falado...

Sim, sempre te fui fiel
Embora não pretenda ser um anjo.
Quero antes ser cruel
Neste impulso satânico
E ver-te o pânico
Nos olhos raiados de paixão
Querendo sair da órbita
Que é qualquer madrugada
Em que eu e tu não somos nada.
                            - Lisboa, 19/Jul/84


Todo o louco
Tem um pouco de génio
- É um prémio
Que a natureza
Dá de presente à incerteza
Que o prende.
                                    - Macau, 20/Ago/1984


Os velhos devem morrer na montanha
Esvaindo impotentes o esperma aguado.
Nada de misericórdia, ó irmã aranha,
Porque também eu serei condenado
Aqui, hoje e agora, neste único palco
Em que me apresento sem máscara,
Nesse outro sonho feito de pó de talco,
Nesse outro desejo que me cobre a cara.

Sim, os velhos devem morrer lá longe
Para que os jovens continuem puros.
Alguém há-de saber porquê e aonde,
Talvez nos dias mais frios e escuros
Quando o vento do norte sibila gelado
E a neve cai ilesa, branca, teimosa,
Porque deste segredo há muito guardado
Há-de vir uma geração de raça orgulhosa.
                                   - Macau, 20/Nov/1984


Eu não sou o deus
Que penso ser,
Nem o diabo
Que quero ter
E, no entanto,
Nunca perdi a esperança
De num canto,
Os dar como uma trança.
                                   - Macau, 25/Nov/1984


Olhei para o horizonte de inércia caiado,
Lá bem para longe aonde o céu é castrado
E nem nuvens de fumo dos navios,
Esses traços sem rumo e esguios,
Vi nesse meu olhar de náufrago desesperado.
Esperar? Esperar como um desgraçado?
Ou antes partir com o corpo pelo oceano
Em busca do porto em que ano após ano me engano.
                                   - Macau, 26/Nov/1984


Lemos Rimbaud
De olhos dados
Na respiração dos nossos rostos...

No deserto,
Uma caravana de tuaregues
Com um carregamento de armas e haxixe
- da nossa varanda,
de barro como tudo o resto,
Vemo-la passar
nas cores das nuvens de calor.

Relemos Rimbaud
Com os corpos entrelaçados
No suor dos nossos desejos,
No quarto fronteiro
Deitados no leito desfeito,
Entre cabelos e areia.

Lembro-me
De matarmos anjos
No pleno inferno que recitávamos:
Não com ódio,
Antes muito amor,
Próprio dos desconhecidos
Que se cruzam
A sul de tudo,
Na memória do universo,
E das garrafas de absinto,
Tombadas como anjos,
Gotejavam as últimas esperanças.

Mas eu não te minto:
Casei-me com uma virgem
Para lhe poder roubar esse deus
Mas hei-de morrer com uma fêmea
Para poder sentir, enfim, o diabo em mim.
                                 - Macau, 11/Jul/1985


Inventar o mar
Para nele poder navegar...
Navegar para o sul,
Limpo azul,
Nas ondas e ao luar,
Corpo a suar,
E sentir o odor
Escorrendo em torpor
Nas veias a latejar
Porque estou a sonhar.
                                    - Macau, 19/Ago/1985


Erguem-se do mar
As velas dum galeão.
Erguem-se pelo ar
Rasgando-o num trovão
E as gaivotas lusitanas
Que sabem histórias suas,
Emigram todas as semanas
Levadas por outras luas.
Vão e não voltam
Para o verão ibérico
Mas nunca se afastam
Do sonho periférico.

As escadarias entram pelo mar
Com pilares da memória...
Entram para o violar
Mas é assim a história
E os lobos do mar
Embebedam-se pelas tabernas
E choram sem parar,
Tesouros nas cavernas,
Mapas com monstros marinhos
E estrelas sem razão
Porque estão sozinhos
Neste universo de solidão.

E as ondas do mar
Chocalham as armaduras
Com lágrimas de perdoar
Essas muitas loucuras...
E os fungos teimosos
Roem e corroem as esperanças
Deste povo de orgulhosos
Ah, pobres crianças,
E no entanto
Têm sempre uma pergunta
Nos seus olhos de espanto.
                                  - Macau, 24/Set/1985


Brindo a ti, ó puta sem coração,
Porque tu és a vida:
Nada de fé, nada de compaixão!

Quando o dia está de partida
É a noite que regressa
E mesmo que te peça,
Que te implore de joelhos no chão,
Por um pouco de amor
Só me chega este sabor a solidão.

Se já fui conspirador e traidor
Hoje sou apenas um nada,
Uma imagem amargurada
E tu sabes que é assim
Entre amigos e inimigos
Estou mais perto de mim.

E não há ventres nem abrigos
Para me protegerem deste fado,
Hei-de morrer como um cão escorraçado!
                                 - Macau, 7/Mai/1987


Quando as portas se fecham
Deslizando num silêncio eterno
E os olhos cansados deixam
Essa vaga sensação de inferno,
Que é feito dos amigos?
Apunhalam-nos pelas costas
Enquanto esperam nos abrigos
Os resultados de secretas apostas.

Eu também já os tive sim
E como tu fui apunhalado,
Porque a vida é mesmo assim
Quando se vive no passado,
Mas tarde ou cedo
Ao de cimo há-de vir a verdade
Para que nada fique em segredo
A justificar a falsidade

Os cães mordem-nos as canelas,
Os escorpiões as carnes nuas
Mas porque toda a casa tem janelas
Cuidado, as próximas podem ser as tuas.
O futuro limpa tudo
Gozando as misérias da vida...
Eu hei-de continuar mudo
Lambendo esta minha ferida.
                                   - Macau, 28/Mar/1988

Vem purificar-te no fogo que rege as nossas almas,
Vem, nesse jogo de noites escuras e calmas
Porque eu já ardi antes, como qualquer feiticeiro
Nesse jeito próprio dos amantes de corpo inteiro.

Não há quartos de lua nas pensões que encontrámos
Nem gatos pardos nas ruas da cidade que criámos
Porque eu já fiz de tudo, como qualquer crente,
Risca com um giz mudo esse circulo intenso e ardente.

Abraçados na madrugada, os lábios roçam em fogo lento...
Jogámos os corpos a nada, as línguas ao invento.
Faz-me teu nesse segredo antes que a noite parta
Porque nunca foi tão cedo para jogares essa carta.
                                    - Macau, 10/Nov/1988

Real é a escuridão
Em que vivo e me devoro
Escamando em paixão
O corpo em que moro.
Já vi tantas luas
Tombarem inteiras e nuas
E outras tantas se entregarem ardentes
Em muitas mais outras camas
Mas és tu que me chamas?
És tu, ó cidade perdida,
Quem sussurra neste vento lento
Esta vontade proibida...
Este calor que não aguento?
                                 - Macau, 15/Jul/1989


 
Nas pequenas borbulhas maravilha,
Oceanos de épocas esquecidas,
Talvez ninguém descubra uma ilha
Mas o que importa são as margens bem definidas
E quando as conchas, simples búzios vencidos,
Murmuram histórias imperceptíveis,
São sobre os dias de heróis desconhecidos
Pois já ninguém segue os invencíveis.

Batem as ondas no casco de carvalho
E as gaivotas enfrentam as velas arreadas,
Bravas na sua alvura de orvalho...
Alvas na sua bravura de esgazeadas
Porque são elas, estranhas criaturas,
Que inventam o mar em terra,
Sempre tão serenas nas suas armaduras
Como se a vida fosse a guerra.

Mas eis que o capitão sobe à amurada,
Dança com a cachaça na garganta
Uma canção sobre a morte da amada...
E chora como uma criança que canta
É um fado ou não fosse lusitano,
É a solidão feita virtude do amor,
Mesmo que seja ano após ano,
Porque a felicidade, essa vem da dor.
                                  - Macau, 18/Set/1989



Eu vivi toda a minha vida
Como se a noite fosse um oceano
E o dia apenas um mar por extenso
Pois a alma, carne eternamente em ferida,
Navega ao assobio do destino
Chorando dor e solidão
Como um marinheiro na hora da partida.

Em todos os barcos que suei ressuscitei...
É que deus deu-me essa garantia única
Feita de recordações e tricas da vida
Abandonadas ao acaso nos ventos que enfrentei
E as saudades ergueram em mim quadras tristes
Rimas sem alegria neste fado sem dor
E morri por fim, no dia em que atraquei.
                                    - Macau. 26/Ago/1990








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